Que beleza poder olhar para o mercado de agosto de 2020 e constatar a recuperação do setor automotivo, tão importante para o Brasil. Muito bem, quando falamos de vendas de automóveis destacamos os mercados diretos, os quais se compõem os carros novos e os carros usados, mas também, de toda uma cadeia produtiva que consequentemente se movimenta, incluindo: indústria, comércio e serviços.
Depois de grande impacto negativo nos faturamentos iniciado no mês de abril deste ano, vemos o mercado reagindo com vigor. Os números apresentados pela FENAUTO – Federação nacional das associações dos revendedores de veículos automotores, que representa o setor de usados e seminovos, são o prenúncio de uma retomada do setor. As negociações ocorridas no mês de maio passado chegaram a apresentar uma queda nas vendas, no Brasil, de 65,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Assim como os números indicam as vendas dos primeiros cinco meses do ano, constatou-se a diminuição de 34,4%, se comparados, ao ano de 2019.
A FENAUTO, porém, vem acompanhando uma recuperação semana a semana, que pode parecer lenta, mas diante do problema que o mundo vive entendemos é até, podemos dizer, surpreendente. Quando observamos os números realizados, houve uma progressão, apesar de lenta, bem constante, foram 18.367 veículos negociados na última semana de abril e 20.260 unidades nos primeiros sete dias de maio (10,3% de alta), 21.811 na segunda semana (7,6% a mais) e 22.577 na terceira (3,5% de acréscimo). Essa aceleração das vendas se deu até esta semana passada, com 23.737 (5,1% a mais). Sem dúvida verificou-se que mesmo com o fechamento das lojas, ainda houve um crescimento nas unidades vendidas, desta feita constatada a eficácia na utilização dos meios de venda a distância, a Internet foi a grande aliada do setor, definindo mais uma opção e uma nova maneira de se adquirir um automóvel.
Talvez, seja esta uma das mudanças que vieram para ficar e dar novas características para a forma de negociação dos automóveis, sejam eles novos ou usados. A entidade noticiou que em maio foram vendidas 318.150 unidades de automóveis e comerciais leves com aumento de 118,4% em relação aos 145.654 veículos negociados em abril. Esta recuperação também tem relação com a volta ao funcionamento das entidades de apoio para a venda que ficaram fechadas por um período bastante longo, por exemplo o DETRAN de alguns Estados porque não estavam totalmente parados, estavam agendando atendimento num ritmo muito aquém da necessidade. Os cartórios e as empresas de vistoria, entre muitas outras que neste período deixaram de dar atendimento ao setor.
Segundo a FENAUTO houve também um tipo recorrente de negociação que contribuiu para o crescimento das vendas, a chamada “troca com troco”, quando o consumidor troca seu carro por um carro mais barato, com o objetivo de se capitalizar para enfrentar a crise econômica. Naturalmente, os bancos, resguardados na preocupação de viabilizar crédito de alto risco, ficaram mais exigentes na concessão e aprovação de financiamentos, apesar de que em agosto as financeiras já se mostraram mais seguras diante da crise de saúde pública que cria tantos entraves. Outra característica observada foi que os veículos vendidos, 88% deles, eram veículos com mais de três anos. Em comparação com os veículos novos registrou-se para cada 0-km vendido, seis carros usados e seminovos foram negociados.
Mato Grosso
Em Mato Grosso agosto foi muito interessante, em julho desse ano foram vendidas 12.056 unidades de veículos, já em agosto atingimos o número de 26.817 veículos comercializados, com uma surpreendente alta de 122,4%. Porém, ainda estamos 8,2% abaixo dos resultados do mesmo mês no ano de 2019, assim como comparado o ano, caímos, até agora, em Mato Grosso 28% do faturamento, vendendo 159.076 unidades em relação das 221.048 unidades vendidas no ano passado no mesmo período.
No Centro-oeste, Mato Grosso foi líder de recuperação, mesmo tendo a segunda maior queda anual, deixando registrado seu potencial, quando se trata de vendas de veículos usados. O carro usado mais vendido no Mato Grosso foi o Gol, seguido pelo Uno, Corolla, Palio, HB20, Onix, Voyage, Prisma, Fiesta e o Siena em 10º lugar dos mais vendidos[1].
Notícia alvissareira essa volta do mercado, tão importante para o emprego e a renda, para a cadeia produtiva, e a normalização das atividades econômicas. Setembro iniciou bem, esperamos números mais surpreendentes. Que seja mesmo um fim de ano cheio de vitórias, com saúde em primeiro lugar e muito sucesso para o Brasil.
[1] Fonte Fenauto e Fenabrave
Coluna Especial MT Econômico – Setor Automotivo
Colunista MT Econômico: Ricardo Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.
Leia mais: Opinião – Marechal Rondon e o automóvel: mola propulsora do progresso